quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Óscar e a Senhora Cor-de-Rosa

«Chamo-me Óscar, tenho dez anos, peguei fogo ao gato, ao cão, à casa (acho que até grelhei os peixes vermelhos) e é a primeira carta que te mando porque dantes, por causa dos estudos, não tinha tempo. Podia também ter dito: «Chamam-me Cabeça de Ovo, pareço ter sete anos, vivo no hospital por causa do meu cancro e nunca te dirigi a palavra porque nem sequer acredito que tu existas.» »

in "Óscar e a Senhora cor de rosa"
de Eric-Emmanuel Schmitt


É assim que começa esta fabulosa história que fui ontem ver ao teatro D.Maria.

Óscar é um menino com leucemia, que passa os seus dias no hospital, tendo por companhia outras crianças doentes, as enfermeiras e uma voluntária que se torna na sua melhor amiga. A Vó-vó Rosa é a sua confidente, sua contadora de histórias e a responsável pela felicidade nos últimos dias da sua vida. Óscar vive 12 dias como se de 120 anos se tratassem. Passa pela adolescência, idade adulta e velhice num mesmo espaço, num mesmo tempo.

Também nós, em 1h45 minutos passamos por várias emoções. O texto é revoltante, comovente e ao mesmo tempo carregado de momentos felizes, engraçados até, de uma simplicidade plena e doce.



Lídia Franco é Óscar, Vó-vó Rosa e todas as outras personagens desta história. É um monólogo rico, carregado de versatilidade na voz e nos gestos. Na minha opinião, ontem vi Lídia Franco brilhar! É arrebatadora a forma como nos envolve na história, de tal forma que por momentos me fez sentir o cheiro de hospital! Conhecia-a dos tempos do Herman, noutro registo muuuiiiitoo diferente!

A peça surgiu do livro com o mesmo nome, do autor Eric-Emmanuel Schmitt, já premiado por esta história que não são mais do que as cartas que Óscar escreve a Deus pedindo os seus desejos e contando os últimos 12 dias da sua curta mas intensa vida.

Se puderem, não percam...é mais que obrigatório irem ver!





«E pronto. Então, Deus, nesta primeira carta, mostrei-te um pouco o género de vida que tenho aqui, no hospital, onde agora me olham como um obstáculo à medicina, e gostaria de te pedir um esclarecimento: vou curar-me? Respondes sim ou não. Não é lá muito complicado. Sim ou não. Riscas o que não interessa!
Até amanhã, beijinhos
Óscar.
P.S. Não tenho a tua morada: como é que faço? »

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